domingo, 29 de julho de 2012

Shiva natarája nyása

História da origem da técnica Shiva natarája nyása
 
Shiva em bronze do período Gúpta sec. IV d.C.
 Certa vez, um monge chamado Bôdhi Dharma recebeu a missão de viajar da Índia até à China para levar o Hinduísmo. Quando estava se preparando para a viagem alguém o lembrou de que, se ele fosse sem escolta militar, simplesmente não chegaria ao destino. Ele precisava transportar dinheiro, tecidos, esculturas e tudo aquilo que os bandidos do deserto desejavam.

O monge considerou que, se levasse uma escolta militar armada com a proposta de matar -o que certamente ocorreria, pois seriam atacados - estaria sendo incongruente com o princípio de ahimsá (não agressão). Por mais que fosse em nome da sua defesa, não aceitou e decidiu ir sem escolta. Porém, logo refletiu melhor: sem a escolta não chegaria na China, pois o matariam no caminho. Melhor não ir. Mas se ele não fosse, estaria se apegando à vida. Que tipo de monge era ele, que tinha medo de morrer? Aquilo se transformou num dilema ao qual estava preso, porque cada vez que chegava a uma conclusão surgia uma contrária.

Conta a tradição que, então, o monge se sentou diante da estátua de Shiva e começou a meditar e jejuar. Ficou ali meditando e meditando, não se sabe por quantos dias, sempre em jejum e olhando fixamente a imagem de Shiva. Num dado momento teve uma visão: a estátua se movia, estava dançando. E no meio de sua dança convidou o monge, que se levantou e foi dançar com Shiva por tempo indefinido. Ao concluir esta esperiência, o monge sentiu-se pronto e soube que estava preparado para empreender a viagem sem escolta militar. Assim foi. Atravessou os desertos e desfiladeiros completamente desarmado.

Naquela época, a chegada de uma caravana era motivo de festa - todos foram recebê-la. Quando viram que não trazia escolta militar, cercaram o monge, ansiosos por saber como havia se defendido no deserto. Ele respondeu que com suas mãos vazias. A frase ficou tão famosa que ninguém mais estava interessado no Hinduísmo, apenas na técnica que o monge havia usado para se defender. Ele identificou a oportunidade e criou uma arte marcial. Mais tarde, quando os chineses invadiram a ilha de Okinawa, os japoneses tomaram a técnica e a aperfeiçoaram, originando uma disciplina denominada mãos vazias:o karatê.

Extraído do livro Coreografias do SwáSthya Yôga, da Professora Anahí Flores